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Deve evitar prender o cabelo molhado?

21 Jul 2023 - 10:23
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Deve evitar prender o cabelo molhado?

Numa altura em que todos os dias surgem, nas redes sociais, novos truques para melhorar o aspeto e a saúde do cabelo, há um velho conselho que nunca passa de moda: devemos evitar prender o cabelo molhado.

Quem defende esta “dica” acredita que fazer o chamado “rabo de cavalo” quando o cabelo está molhado aumenta o risco de o fio capilar “partir”. Há também quem alegue que, com esta prática, o ambiente quente e húmido do cabelo molhado e preso potencia a proliferação de fungos e bactérias. Mas estas teorias têm fundamento? Devemos evitar prender o cabelo molhado com frequência?

É recomendado evitar prender o cabelo molhado?

Em declarações ao Viral, Alia Ramazanova, médica de clínica geral e especialista em tricologia, adianta que, de facto, o cabelo está mais frágil quando está molhado. Por isso, a recomendação geral é não o prender até secar.

“O nosso cabelo é uma estrutura morta, composta por várias camadas, queratinas e ligações”, contextualiza. Posto isto, “temos de cuidar desta estrutura”, porque “ela vai-se estragando”, por exemplo, “com a radiação solar, com os químicos que utilizamos (como descolorações) e com calor excessivo”.

Assim sendo, resume a médica, todas as agressões a que se expõe o cabelo vão desgastando mais a haste capilar, tornando o cabelo mais frágil

Quando o cabelo está molhado ainda se torna mais sensível. Porquê? “O nosso cabelo tem uns ligamentos que são hidrossolúveis, ou seja, dissolvem-se na água”, explica a médica.

“Daí nós, médicos, nunca recomendarmos que se penteie o cabelo enquanto ele está molhado, porque acaba por haver um maior risco de rutura dos fios do cabelo”, sustenta. O mesmo acontece quando se prende o cabelo.

Fazer isto “não faz cair mais cabelo, mas ele tem tendência a partir-se mais com mais facilidade, se estiver já fragilizado devido a processos químicos” pelos quais passou antes.

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Por outro lado, acrescenta Alia Ramazanova, prender o cabelo molhado também pode potenciar a “proliferação bacteriana e fúngica”.

Isto pode acontecer, sobretudo, a pessoas que tenham um “grande volume de cabelo”, porque, “havendo um ambiente húmido e quente, o calor gerado pelo couro cabeludo, perto das raízes, acaba por ser o ambiente ideal para proliferação” de bactérias e fungos.

De modo geral, “temos fungos e bactérias no nosso couro cabeludo que vivem em paz e harmonia connosco, são bons para mantermos uma flora perfeita”, refere. 

No entanto, “em condições adversas como, por exemplo, em pacientes com dermatite seborreica (ver aqui, aqui e aqui), existe a tendência a uma proliferação maior desses fungos”. 

Portanto, nestes casos, ter o hábito de manter o cabelo molhado ou húmido num rabo de cabelo “pode agravar a situação”, alerta. 

Assim, no fundo, se uma “pessoa com um cabelo saudável” – ou seja, que “cuida bem do cabelo, não o agride habitualmente, utiliza sempre proteção térmica quando utiliza secador” – prender o cabelo de forma esporádica não terá qualquer tipo de consequência

Por outro lado, “uma pessoa que faz várias vezes descolorações de moreno para loiro platinado, por exemplo, e utiliza secador e prancha todos os dias para esticar o cabelo” já corre mais riscos. 

O cabelo, neste caso, “está muito mais estragado e, portanto, apanhar o cabelo acaba por ser muito mais agressivo e com consequências muito piores”. Por isso é que, “se o queremos prender, a recomendação é deixar primeiro o cabelo secar”, conclui.

Quais os cuidados a ter quando se quer prender o cabelo?

Segundo Alia Ramazanova, o mais adequado para o cabelo é deixá-lo “secar ao natural, sem utilizar qualquer tipo de aparelho térmico, como um secador”. 

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No entanto, “caso tenhamos pressa – que é o habitual – deve-se secar o cabelo com um secador, mas a uma temperatura mais baixa”.

Além disso, “não se deve colocar o aparelho na potência máxima de calor e é recomendado manter sempre o secador afastado (mais ou menos a 15/20 cm do cabelo), para não haver esta agressão térmica”, esclarece. 

Depois de se retirar a humidade dos fios e do couro cabeludo, o cabelo “pode ser preso sem qualquer problema”. Contudo, salienta, “os penteados não devem ser muito apertados, para não causarmos alopecia de tração (provocada pelo puxar contínuo de cabelo)”.

Outra questão a ter em consideração, na perspetiva da tricologista, é a escolha dos acessórios adequados, que devem ser “mais respeitosos com a fibra capilar”.

Se, por algum motivo, houver a necessidade de se prender o cabelo molhado, a escolha acertada dos acessórios é ainda mais importante.

A médica avisa que os elásticos de escritório de borracha ou até os elásticos pequenos coloridos (feitos com o mesmo material) são “muito agressivos para o nosso cabelo”. Por isso é que se tem “a sensação que nos cai o cabelo” quando os usamos. Este tipo de acessórios, expõe, provocam “uma rutura da haste capilar”.

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O ideal é utilizar sempre “elásticos muito mais largos”, de preferência “com tecido à volta”.

Se preferir usar molas para prender o cabelo, “as de plástico” são as mais adequadas, “por não terem bordos mais cortantes” e pelo facto de “o risco de fratura do fio” ser “muito menor”. Já as molas metálicas “são bastante agressivas” para o cabelo e deve evitar usá-las.

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21 Jul 2023 - 10:23

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